sábado, 26 de maio de 2018





É tão fácil sonhar,

há sempre um farrapo de nuvem a pousar

na soleira da porta da imaginação

e entramos no reino da bela adormecida

onde ninguém diz: Não,

onde se esquece a vida.



Ah! poder sentir o corpo lasso

dançar num lago verde em technicolor

Ir arrancando os sulcos que os pés traçam,

e, num gesto de deus,

lançando-os para o espaço,

ver nascer formas novas.

Ah ! Ir encontrar a geometria certa

duma Lua redonda, bem talhada a compasso

que não foi esfrangalhada por noites de vigília

assistindo ao findar de histórias de amor triste,

contando-as às estrelas com um vocabulário

que não é de poetas.



É tão fácil sonhar

Difícil é dizer à nuvem : Não.

Fechar a porta da imaginação

e, junto com a manhã a despontar,

deixar a dor entrar

no som da voz do homem que ao passar

geme um pregão que não oferece,

Pede.


Maria Eugénia Cunhal

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