É tão fácil sonhar,
há sempre um farrapo
de nuvem a pousar
na soleira da porta
da imaginação
e entramos no reino
da bela adormecida
onde ninguém diz:
Não,
onde se esquece a
vida.
Ah! poder sentir o
corpo lasso
dançar num lago verde
em technicolor
Ir arrancando os
sulcos que os pés traçam,
e, num gesto de deus,
lançando-os para o
espaço,
ver nascer formas
novas.
Ah ! Ir encontrar a
geometria certa
duma Lua redonda, bem
talhada a compasso
que não foi
esfrangalhada por noites de vigília
assistindo ao findar
de histórias de amor triste,
contando-as às
estrelas com um vocabulário
que não é de poetas.
É tão fácil sonhar
Difícil é dizer à
nuvem : Não.
Fechar a porta da
imaginação
e, junto com a manhã
a despontar,
deixar a dor entrar
no som da voz do
homem que ao passar
geme um pregão que
não oferece,
Pede.
Maria Eugénia Cunhal
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