terça-feira, 29 de maio de 2018


No instante preciso em que a imagem se define
o poeta está ali no cais, olhando o infinito
fascinado pela silhueta do navio que avança
triste porque se desfaz a visão do que ele sonha.

Imagem que provoca outras imagens, equações,
delírio das visões, enquanto imóvel o poeta,
motor e faro, perscruta e capta novos ruídos,
entre a vertigem das vagas e as febres da monção.

Dissecando o vazio até à agonia do sonho
o lápis ironiza o gesto da mão e traça
rotas e espantos e outros Eus, desafio à morte.

Trágica a poesia direi e não o seu destino:
solitário o poeta teve o fim que escolheu
Três tempos que teceu e consumiu, vazios do Eu.

Virgílio de Lemos

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