Frágil como a luz,
teus pés avançavam sobre as pranchas de madeira
do longo corredor.
Descalça,
carregavas o peso sublime das mãos vazias
e, a medo, tacteavas o chão
como quem não compreende.
Eu, besta reinante na sala da entrada,
nada sabia das subtilezas da cor.
Gritava metal fórmica napa.
Fazia-te chorar (porque ainda choravas).
Agora, estamos sós,
atados a vozes que não sabem quem fomos.
É tarde.
Porém, aprendi que Deus é um guache azul,
entre céu plácido e mar encapelado:
subtil sugestão de luz
e sombra.
Miguel Martins
1/11/20
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