segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Frágil como a luz,

teus pés avançavam sobre as pranchas de madeira

do longo corredor.

Descalça,

carregavas o peso sublime das mãos vazias

e, a medo, tacteavas o chão

como quem não compreende.

Eu, besta reinante na sala da entrada,

nada sabia das subtilezas da cor.

Gritava metal  fórmica  napa.

Fazia-te chorar (porque ainda choravas).


Agora, estamos sós,

atados a vozes que não sabem quem fomos.

É tarde.

Porém, aprendi que Deus é um guache azul,

entre céu plácido e mar encapelado:

subtil sugestão de luz

e sombra.


Miguel Martins

1/11/20

Sem comentários:

Enviar um comentário