De um lado, tias de porcelana,
ainda que servas;
do outro, peles de coelho
com chumbos nas veias.
Um pé num dócil monstro medievo,
Galápagos nas Beiras;
o outro a exsudar gasosa,
BB,
Frutol,
Cergal.
Num colofão
com Timor à ilharga,
as prescrições papais
via sacristania;
num sabugo, arroz,
a palavrosa monda.
Como ir no vento,
aristocrata,
rumo aos nenhures de Verne,
flauta na algibeira,
olhos-nenúfares,
se me cruzam o ar com prumos
que são agora gruas
americanas?
Disto, não se recua.
Àquele luar,
xistosamente manso,
não há regresso;
àqueloutro, sopra-se a lâmpada
incandescente
e é inextinguível, infindo,
Muralha da China
humilhantemente
só até ao calcâneo,
pista de aterragem
para a volúpia.
Resta um filme porno,
— este poema —,
celuloide queimado,
rincão do Império
que nunca existiu
e espilra
sobre um lenço de greda.
Miguel Martins
26/01/22
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