Não vale a pena ter o que não pode ser comprado.
Ao tomar banhos de sol em Saint-Jean-Cap-Ferrat
ou comer uma ceviche em Villefranche-sur-Mer
jamais pensei em ti, nessa frugal perspicácia
ante a didascália beckettiana, creio,
ou outra baboseira com que fugires da vida.
Palavras de cinco sílabas repousam no cinzeiro
dos cotos de charuto, demasiado cheio,
que a russa ia vazar, quando a interrompi
por preferir um broche, um carrossel de adultos.
Que sabes tu de um broche só brisa na caruma,
que sabes do silêncio humano a dez tostões?
Transístor domingueiro pousado por um velho
no parapeito da ponte antes de se atirar,
e se fosses com ele dar de comer às trutas
que a tua irmã, a russa, depois, me há-de grelhar?
Miguel Martins
01/12/23
Sem comentários:
Enviar um comentário