Quero um cavalo de
várias cores,
Quero-o depressa que
vou partir.
Esperam-me prados com
tantas flores,
Que só cavalos de
várias cores
Podem servir.
Quero uma sela feita
de restos
Dalguma nuvem que
ande no céu.
Quero-a evasiva —
nimbos e cerros —
Sobre os valados,
sobre os aterros,
Que o mundo é meu.
Quero que as rédeas
façam prodígios:
Voa, cavalo, galopa
mais,
Trepa às camadas do
céu sem fundo,
Rumo àquele ponto,
exterior ao mundo,
Para onde tendem as
catedrais.
Deixem que eu parta,
agora, já,
Antes que murchem
todas as flores.
Tenho a loucura, sei
o caminho,
Mas como posso partir
sozinho
Sem um cavalo de
várias cores?
Reinaldo Ferreira

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