quinta-feira, 13 de novembro de 2025

 


Quero um cavalo de várias cores,

Quero-o depressa que vou partir.

Esperam-me prados com tantas flores,

Que só cavalos de várias cores

Podem servir.


Quero uma sela feita de restos

Dalguma nuvem que ande no céu.

Quero-a evasiva — nimbos e cerros —

Sobre os valados, sobre os aterros,

Que o mundo é meu.

 

Quero que as rédeas façam prodígios:

Voa, cavalo, galopa mais,

Trepa às camadas do céu sem fundo,

Rumo àquele ponto, exterior ao mundo,

Para onde tendem as catedrais.

 

Deixem que eu parta, agora, já,

Antes que murchem todas as flores.

Tenho a loucura, sei o caminho,

Mas como posso partir sozinho

Sem um cavalo de várias cores?

 

Reinaldo Ferreira

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