Loiro no passado longínquo,
grisalho indefinido no recente –
marinheiro acostado e acossado,
neste lugar de gaivota
e rouco brado
Ocupava os dias vociferando em quase inglês
na direcção de alguém que não se via –
certo é, noutra vida matou alguém,
hoje limita-se a calcar
no cachimbo os espinafres
Não terá sido esse episódio
a partir-lhe a alma, a cabeça
frequentemente (re)pousada nas pedras,
nas soleiras de lioz,
mas isso, quem nunca?
Deixou de se ver – de se oferecer
à vista, sobretudo ao ouvido.
Ninguém sabe
se quinou ou embarcou –
não seria a mesma coisa?
LUÍS PEDROSO
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