Que todos os lugares onde
sorrimos permaneçam desertos
até que haja outro
amor assim para visitá-los.
Improfanados por
vozes sem o naufrágio absoluto
que há por dentro de
cada segundo da infância
e não a deixa
esquecer a água limpa, a correnteza
que a leva ao
encontro da montanha inexplicável
de que todos
nascemos, sem importar o depois.
Que as nossas vozes
quase silenciosas permaneçam gravadas
nas pedras que vão
mudando de lugar
e que as pequenas e
grandes convulsões do mundo
saibam lançá-las ao
caminho de quem mais precise,
de quem melhor as
saiba ouvir.
Que uma multidão de
bichos cirande a ténue maravilha
do que seremos
sempre, a arrepio do tempo,
no fio do horizonte
que cintila nos olhos mais sedentos
e os faz partir à descoberta
de areias e gelos e plantas,
a mais pequena das
quais há-de ter nosso nome,
o nome que
partilharíamos se fosse este o lugar
e não o que nos
aguarda depois do breve incêndio.
Miguel Martins
(inédito)
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