quinta-feira, 21 de março de 2019




«GRANDE FEMME ASSISE (ANNETTE ASSISE)» (1958), de ALBERTO GIACOMETTI

Olhos que te aproximam, atenta,
Sentada ao longe. Não és

Uma mulher parada, nem
A complexidade do teu silêncio
Chega a ser elisão, Anette,
Possibilidade de um riso
Vincado por formas em transformação,
Permanente, sem fim. Olhos,

Prefiguração de todo o corpo;
Mãos fundidas no regaço, móveis,
Cingindo o objecto do cuidado;
Atenta. Não há uma idade na tua
Rigidez, no tronco firme; perturbação
Sim, a inquietude de quem

Está mais perto, de quem reserva
A distância para permitir o zelo,
A espera sem submissão. A ti
Regresso na insatisfação, em ti
Me deixo recolher, grande.

Rui Almeida
(Obrigado, Rui.)

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