quinta-feira, 19 de março de 2020

Luís Brito




TENÇÃO
Por favor
QUE AGORA ESCREVE
UM ESCRITOR.


A primeira vez que tive um ataque de pânico foi há 3 anos. Havia tomado LSD. De repente o coração, debaixo das mamas, desgovernava-se como um país. Respirar sabia a impossibilidade e tinha dormências em cada um dos 20 dedos de que deus me deu. De repente, estava obcecado com a morte, com a doença, com a fragilidade. Tinha a absoluta certeza de que ia morrer ali, naquele momento e para sempre. Alguns de vós sabem a que sabe este episódio. Outros para lá caminham ou, como veremos, caminhavam.
Passo a definir: um ataque de pânico é o que acontece quando o nosso sistema nervoso deixa de aguentar a ansiedade que em nós se grava e agrava. Um ataque de pânico é uma gota de água, um corpo a gritar que os níveis de nervosismo ficaram insuportáveis, um lugar-limite que é um sistema nervoso a dar de si.
O LSD disparou o meu ataque de pânico, mas não foi ele quem o causou. O problema eram os meus problemas, a carga, os traumas, o estar em sociedade, o estar em família, o esquecer-me das verdades pois acreditava nas mentiras.
Nem toda a gente toma LSD, porém, quase toda a gente toma açúcares e hidratos, alcoól, fumo, dinheiro, pressão, ambição, notícias (lol), psicopatia, ganância e delírios vários, coisas que temos como vida mas que na verdade são morte.
Depois do ataque de pânico, quando ele se acalma, deixamos de julgar que vamos morrer, para saber que vamos morrer. Novidade: vamos morrer talvez hoje, um dia seguramente, e quando incorporamos isto, de dentro para fora, aprendemos taxativamente a não mais viver como tontos iludidos, também conhecidos como iluminabos. Mudamos de mentalidade, mudamos de estilo de vida. O que tivemos, neste ano e neste mundo, foi um ataque de pânico colectivo: uma repentina e patológica obsessão com a vulnerabilidade, que na verdade é um ataque de consciência.
Todo este lol está a acontecer porque a maneira como vivemos e nos (não) relacionamos deixou de ser viável, sustentável, lógica ou contínua. Tivemos um ataque de pânico colectivo. E um sintoma é um amigo, que vem falar de uma mudança profunda.
BUY THE BOOK!
"Isto" vinha previsto no manifesto sub_realista. Entramos agora nos tempos do ultra_realismo. No melhor dos casos, deixaremos de viver como tontos, ou seja, como quem acha que vive para sempre, escalando, comprando, comparando, sendo escravos.
Chegámos ao ponto de retorno, ou seja, ao ponto de partida. Amem a mudança, a relatividade e o processo. Quando em medo, confiem nos números que mais importam: o Corona Vírus está a matar cerca de 0.0001% da população dos países atacados.
A propagação vai não acontecer, porque somos geniais. Temos instinto de sobrevivência, coisa que nos é normalmente alheia mas que, nas alturas críticas como agora, aparece em evidências.
Enjoy the show, dear mortals.


Abracem a mudança.
Vamos morrer,
E isso é lindo.
Para sempre vosso.
#profeta
Luis, the #universalmind

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