sexta-feira, 23 de julho de 2021

BEBER QUALQUER COISA ÚTIL À MINHA DIGNIDADE

 


Navegamos nos tempos difíceis.

Mais uma noite para chorar.

Mais um lençol manchado por perguntas

erradas.

Um brilho de nódoas ilumina a esperança

espalhada no desdém da vida.

Não há cura para este remédio,

nem maleita que dignifique

saúdes defeituosas.

Quem poderá esperar-me

na esquina dos pecados viciados?

Estou cansado desta afronta entediada.

Acendo a teia da escuridão,

ajoelhado no chão que não acredita no meu nojo.

Virado para mim mesmo,

deslizo-me no contrário do que sou.

Manobro no catavento

a procura do negro carinhoso.

A quem entregar

este envelope travestido de ousadias?

 

António de Miranda

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