quarta-feira, 28 de setembro de 2022

 


Pelas landes e pelas dunas

Andam os magros como pregos,

Os lobos magros como pregos,

Pelas landes e pelas dunas.

 

Olhos de fósforo, esfaimados,

Numa pavorosa alcateia,

Andam, andam buscando ceia,

Olhos de fósforo, esfaimados.

 

Nas landes grandes, junto às dunas,

Um menino perdido anda,

Anda perdido a chorar anda,

Nas landes, junto às brunas dunas.

 

Senhor Deus de Misericórdia,

Protegei o róseo menino,

Protegei o róseo menino,

Senhor Deus de Misericórdia.

 

Porque nas landes e nas dunas

Andam os magros como pregos,

Os lobos magros como pregos,

Nas grandes landes e nas dunas.

 

Eugénio de Castro

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