Cotejando misérias e grandezas,
ao velho branco as segundas ficam, quase sempre, confinadas
a feitos pretéritos, acabados
(ontem,
há uma década,
no Império Romano),
ao passo que os verdadeiramente
pobres,
as mulheres,
os jovens,
parecem sempre animados por qualquer urgência vital,
seja o almoço,
as mãos
ou, simplesmente, a fuga
rumo a qualquer outra presença à mesa dos bichos.
Mas (também ontem,
há uma década
ou no Império Romano)
quando éramos mais pobres,
porventura andróginos,
certamente sem pelos nas orelhas
(pobres infantes de destino já cavado!),
ao escrevermos tratados,
gerarmos proles,
construirmos muralhas,
fizémo-lo em busca de memória futura.
Então, de que nos queixamos, afinal?
Então, porque não estouramos, lantejoulas?
Porque o jovem branco,
o antevelho branco,
faz o caminho inverso
do que de
vai de lagarta a borboleta.
e fá-lo de maneira — histórica e geneticamente —
responsável.
Como quem vai comprar e vender Estrabão
à grande pecuária do degredo próprio.
Miguel Martins
02/05/23
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