segunda-feira, 16 de dezembro de 2024



14/12/2024 - Não longe de minha casa, num espaço onde passo quase diariamente, e no qual se produz arte — Arte — sem que eu suspeitasse, denominado Safra, aproveitei esta tarde de sábado. E isso aconteceu por duas boas razões, sendo que poderiam ser três. As boas: Arte e Amizade/Amor. A terceira: os copos de vinho que não bebi, por decisão minha desde Maio deste ano. Ora, o homem que dirige o/a Safra é o pintor Diogo Barros Pires, que ostenta no local uma excelentíssima exposição retrospectiva de pintura sua, que me surpreendeu pela alta qualidade e pelo que revela do seu total conhecimento da história da pintura ocidental, com referências, entre outras — na minha opinião pessoal —, aos expressionistas alemães, a Egon Schiele, a Picasso, aos fauve, a Basquiat, aos neo-expressionistas das décadas de 1980 e 1990 e a muitos outros que “vejo”, mas não me ocorre agora nomear.

Depois, no domínio da amizade, a calorosa presença activa, inspiradora e dinâmica do genial politudo que é o mestre — antimestre por sabedoria — Miguel Martins, meu amigo e ressuscitador desde a década de 1990, poeta, ficcionista, artista, tradutor, músico free — e como ele é free… — e sábio amante para quem os mais ínfimos e variados requintes de Eros são recorrentes e dignos de inveja de pobres “esquecidos” como eu…

Pois ao Miguel Martins, a martelar no piano na senda dos já antigos Cecil Taylor ou David Tudor, juntaram-se as experimentadas vozes dos músicos João Pedro Viegas, saxofone, Mário Rua, bateria, e Jorge Nuno, guitarra eléctrica. Mas tudo isto seria incompleto, mas não o foi. É que apareceu a voz de um “anjo exterminador”, exterminador benfazejo, a voz da minha queridíssima amiga e actriz Ana Água, que, gritando, vociferando dadaisticamente, foi “exterminando”, rasgando, fazendo em pedaços um livro — seria de certo um livro merecedor de tal destino —, seduzindo(-me), encantando(-me).

Antes e depois, abracei-a e beijei-a com a minha sôfrega ternura ávida de conforto anímico e espiritual…

Outros amigos encontrei no Safra, nestes momentos salvíficos do meu espírito agora tão cinzento…

Levi Condinho


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